quinta-feira, março 10, 2005
O circo está nas ruas?
Passando ontem, por volta do meio-dia, pelas principais ruas do centro da cidade, me deparei com uma cena que está se tornando comum em todos os grandes centros urbanos. Em todo semáforo que se pára o carro encontramos uma multidão de pessoas, que ficam ali, esperando que os mesmos se fechem para dividir o espaço com os carros e oferecer canetas, balinhas, saches, fazendo malabarismos e outras coisas para ajudar no sustento da família. Num deles, um rapaz de mais ou menos 24 anos vendia canetas se dizendo estudante universitário. Mais adiante outro vestido de palhaço, fazia careta tentando levar a vida na palhaçada. Esse pelo menos é "mais feliz".
Nas proximidades da rodoviária uma multidão de camelôs também disputa espaço, não só com carros nos parcos estacionamentos, mas com os pedestres. Está cada vez mais difícil passar pelo viaduto que liga a rodoviária ao shopping Conjunto Nacional. Sempre me lembro de um corredor polonês. Só faltam tapas porque, quando você consegue chegar do outro lado está com um quilo de panfletos nas mãos. Andar ali me deixa nervosa, porque é sempre uma movimentação nervosa. Sinto um desespero nas pessoas em tentar levar de qualquer maneira alguma coisa no final do dia que possibilite a compra de um litro de leite, um quilo de feijão, ou até mesmo um agrado para os filhos.
O governo diz que a taxa de desemprego caiu, que os empregos formais aumentaram no Brasil, mas não sei como se todos os dias aparecem mais e mais pessoas na informalidade! Não acredito que essas pessoas prefiram a informalidade de ficar o dia todo ao sol forte, ou enfrentando chuva, para levar algumas coisas hoje e nenhuma amanhã!
Ontem aquele palhaço me fez pensar que todo dia é o dia dos palhaços e palhaços maiores são os que acreditam em falsas promessas, em falsas estimativas de que as coisas estão melhorando para os trabalhadores brasileiros. Aposto que qualquer pessoa daquelas trocaria o sol escaldante do meio-dia por um escritório refrigerado ou não. Mesmo que com um salário injusto, porque justo só o dos nobres senadores, deputados e vereadores, prefeitos, administradores e nosso presidente que são pagos por nós, com os nossos impostos, para melhorarem as nossas condições de vida.
Por Krisha às 09:23