segunda-feira, junho 27, 2005
Não pode, não pode e não pode!
O grande problema em morar num dos primeiros apartamentos é que sempre escolhem o seu pra tocar em caso de não saber onde mora o fulano, o beltrano e até o síndico, mas tocar às duas horas da madrugada já é demais. Não movi um músculo afinal no dia seguinte teria que acordar bem disposta para enfrentar a prova de um concurso. Custei a pegar no sono novamente e quando estava quase... de novo! Permaneci em silêncio mais uma vez. No dia seguinte, é claro, acordei meio amassada pois custei a dormir ouvindo o infeliz lá embaixo tocando tudo quanto é interfone no silêncio da noite.
Tudo pronto, cartão de acesso, identidade, caneta preta... Ai! Esqueci de comprar o raio da caneta preta. Minha esperança era a padaria e não errei. Me dirigi ao local pré-determinado. Agora nada mais me tiraria do meu destino. Chegando a porta da sala onde realizaria a prova, dou te cara com um esquema de segurança digno de aeroporto dos Estados Unidos após atentado. Logo na entrada sou informada que os meus óculos escuros não poderiam me acompanhar.
- Eu guardo na bolsa.
- Não pode. Agora, com o problema das fraudes nos concursos realizados pelo CESPE (e o meu era), nada entra. Celular, relógio, chaves, óculos, nada.
- Ah, tudo bem! O meu celular está desligadinho na minha bolsa, que vai ficar debaixo da carteira...
- Não pode! Você tem que voltar e guardar todos os seus pertences lá na entrada.
A entrada a que ela se referia parecia mais com a saída para o fim do mundo de tão longe, mas me encaminhei até lá afinal, regras são regras e são para todos. Tudo pela lisura das provas. Grr, lá vai a idiota a procura da sala onde se guardam os objetos pessoais. E a encontrei no final da ponta de uma fila com mais uns mil idiotas. Controle Cris, controle!
Consigo guardar tudo e volto à sala. A moça com a "raquete" - leia-se detector de metais - me examina... passei... a bolsa... Piii! Ah meu "Jesuizinho"! Me esqueci de um relógio de pulso sem bateria que tinha deixado na bolsa para trocar a dita cuja.
- Está sem bateria. Não funciona! Implorei.
- Não pode!
- Deixo na bolsa e deixo a bolsa com a senhora.
- Não pode!
- Deixo em cima da sua mesa.
- Não pode!
- Ah não pode? - Pergunto já completamente fora de mim e quase tomando a raquete da mão dela e dando raquetada para tudo quanto é lado.
- Você terá que voltar e guardar na sala.
- Aquela fila? Nunquinha. - falei e ao mesmo tempo em que depositava o meu reloginho lindo de pulso na lata de lixo próxima a porta.
- Agora não tenho mais relógio. Posso fazer a prova?
A funcionária ficou completamente paralisada e fiz a prova.
Na saída fui atrás dos meus objetos apreendidos e, com eles em mãos pergunto a um segurança onde ficava o banheiro.
- Depois que você pega os seus objetos não pode mais ir ao banheiro.
- ... (Sem legendas)
Por Krisha às 00:11