sexta-feira, junho 03, 2005
Saudade dos trens da RFFSA
Hoje tive um momento nostálgico ao ser lembrada por uma nova amiga de blog sobre as viagens de trem. As duas mais fascinantes e inesquecíveis viagens que fiz foi justamente de trem.
A primeira vez foi em... melhor deixar pra lá. Tinha nove anos, nunca me esqueci. Fomos, eu, meu pai, minha mãe e um casal de tios de Arapongas até São Paulo e depois, de ônibus, até Guaratinguetá para a formatura de meu irmão na Escola de Especialistas da Aeronáutica de lá.
A primeira coisa que se nota é o espaço. Muito bom ter a liberdade de transitar por entre os vagões. O barulho que as rodas fazem nos trilhos poderia ser incomodo, mas não é. Chega a embalar. As janelas amplas nos mostram paisagens fascinantes e contrastes inimagináveis do Brasil. A velocidade é bem menor, ou pelo menos parecia ser, que a de um ônibus, então você podia perceber os detalhes. Tinha-se, ainda, a possibilidade de observar a paisagem de uma varandinha entre os vagões, onde você podia sentir também o vento no rosto e essas coisas me marcaram.
Para dormir não foi muito confortável não. Existiam os vagões da primeira classe, mas papai não pode comprar os bilhetes e ficamos meio que escorados uns nos outros nos bancos da segunda classe mesmo, mas isso não foi tão ruim assim.
De manhã acordamos e fomos ao vagão que servia de restaurante para tomar um café. E que café! Poder sentar numa mesa, tomar um café da manhã delicioso e ainda apreciando uma vista fantástica foi demais! Lembro-me ainda, que o chefe de cozinha veio até a nossa mesa e me presenteou com uma xícara com as inicias RFFSA - Rede Ferroviária Federal S.A, que guardei por anos como uma espécie de troféu. Algo que me trazia boas recordações.
A outra grande viagem que fiz foi o percurso Curitiba-Paranaguá. Inesquecível também! Olhar pela janela e ver aqueles precipícios, a cachoeira Véu de Noiva, os rios, o que sobrou da Mata Atlântica e a Serra do Mar, vale o passeio, que dizem hoje ser caríssimo.
Passaram-se os anos e o transporte de passageiros deixou de existir em longas viagens. Ainda existem alguns trechos onde é feito como exploração turística ou transporte urbano, mas não é a mesma coisa.
No governo Collor de Mello com o programa de desestatização, a RFFSA, criada nos anos 50, deu seus últimos suspiros e, finalmente, numa privatização até hoje investigada pelo Tribunal de Contas da União, no governo Fernando Henrique Cardoso chegou ao fim.
Certas coisas não consigo entender, mas... Foi como se tivéssemos pulado do trem em movimento
Continuo sem muito tempo, mas prometo que no final de semana visito a todos, pelo menos em retribuição as visitas. Beijos no coração de todos, um bom final de semana. Beijos especiais para você que é especial. Que tal o segundo percurso? Tenho certeza que vai adorar. É a sua cara.
Por Krisha às 12:15