segunda-feira, junho 13, 2005
A Derradeira Aventura em Goiânia
Dez horas da manhã e eu ainda em casa quando havia prometido que estaria chegando em Goiânia por volta de 11 horas da manhã. Meio que pegando no tranco em pleno sábado de manhã, só consegui embarcar justamente as onze, mas tudo bem. Sem estresse! Pra começo de conversa, atrás de mim sentaram-se duas "senhoritas" e no percurso de três horas de viagem todos os passageiros tornaram-se íntimos, porque elas falavam de suas vidas sentimentais e amorosas assim como quem troca receita de bolo. Marli e Cida tinham uma entonação toda particular e incompreensível. Parecia até um dialeto e, por mais que tentasse não prestar atenção na conversa, prestava. E assim foi todo percurso Brasília-Goiânia.
- Gil mais eu se gosta muito, mas o Antônio "que me leva" pro forró.
Cheguei, graças a Deus! Agora só faltava me encontrar meu sobrinho Thiago, o que não seria uma tarefa fácil diante da quantidade fora do comum de pessoas que circulavam pelo shopping Araguaia e eu mais uma vez meu celular morto, mas acabei o encontrando. Para quem não conhece Goiânia, o shopping fica dentro da Rodoviária da cidade. Acho que foi a melhor idéia que alguém já teve porque você pode até pegar um cineminha enquanto aguarda a hora de partir. Mas àquela hora esse movimento não era normal.
- Deve ser por conta do dia dos namorados - pensei.
Resolvi tudo que tinha para resolver em Goiânia e no domingo já por volta das 19 horas voltei ao Araguaia para comprar as passagens para a volta e as pessoas estavam todas lá novamente.
- Será que dormiram aqui meu Deus?
Comecei a notar que aquela quantidade absurda de gente por metro quadrado estava realmente esquisita. De todas as minhas idas a capital goiana nunca presenciei tanta gente andando de um lado para o outro. Para conseguir uma mesa na praça de alimentação tivemos que ficar do lado da mesa de quem já estava acabando de comer para, no momento exato, mergulhar sobre a mesa e se apossar do território. Me sentei e comecei a olhar para os lados. Vejo ao meu lado uma cara de melissa cor-de-rosa.
- Nossa! Isso que é assumir a condição sexual. Nada contra, entendam. Tenho diversos amigos gays e adoro todos, mas aquele par de sapatos não passava desapercebido.
Depois de fazer um lanche me dirigi até o guichê para comprar as passagens porque aquela altura não via a hora de estar no aconchego do meu lar. Meus pés estavam me matando. Mesmo de tênis a ponta dele latejava como se tivesse levado marteladas. Dá pra ter uma idéia do estado deplorável que se encontrava o meu pezinho quando você se lembrar daquelas cenas de desenho animado quando alguém levava uma no dedão.
- Por favor, três passagens do próximo ônibus pra Brasília.
- O Próximo só às 23 h e 59. Me informou o emissor de passagens.
- Que? Você deve estar de brincadeira! E esses outros que saem de hora em hora?
- Todos lotados. O próximo e que ainda tem lugar é só esse da meia-noite ou um outro que sai as 5 horas da manhã.
Olhei o meu relógio. Ainda eram 20 h e 30. Fazer o quê? Ou esperar, ou voltar para o hotel e eu queria mesmo era ir pra casa.
- Mas o que é que está acontecendo? Nunca vi um movimento desses ? perguntei.
- Os finais de semana são assim por conta da feira de roupas e hoje teve a parada gay aqui em Goiânia também.
Comprei as passagens e virei pra minha irmã e filha e disse:
- Vamos pegar um cineminha?
Por Krisha às 10:17